algo teu

"é só uma imagem que sonhámos, doce imagem... nada que acredite conseguir mostrar..." -Pluto.

Wednesday, November 15, 2006

Lisboa Soundz @ Terrapleno de Santos - 22 de Julho de 2006



Sábado, fim dos exames. Tudo combinado à última hora, almoço já tardio no Centro Comercial Vasco da Gama, sem dar pela presença de quem fosse ao festival.

Três estações de metro e um autocarro depois corridos contra o tempo, enfim à porta do recinto do Lisboa Soundz - Terrapleno de Santos.

Um calor quase insuportável no recinto, o alcatrão fervia. You Should Go Ahead abria o palco, banda portuguesa que pouco cativou o público, assim como o americano Howie Gelb que os seguiu. Mesmo a voz frágil e angelical de Isobel Campbell, ex-Belle & Sebastian, relativamente bem conceituada no estrangeiro, rapidamente se tornou monótona e não tirou muita gente da sombra… 'banda mal contextualizada', 'o público-alvo não era o indicado', dizem uns. Ao fim da tarde, os brasileiros Los Hermanos seduziram mais alguns e avivaram consideravelmente o público, até então, ameno. Jantámos bifanas e "psychological" hot dogs (nome gozado pelo próprio Julian Casablancas, vocalista dos Strokes, durante o concerto...) um pouco antes de nos dirigirmos ás primeiras filas em frente ao palco e nos juntarmos a coimbrenses que nos acompanharam até ao fim.

She Wants Revenge (foto) semearam energia na plateia mesmo com apenas um álbum editado, e uma música que não lhe pertence: 'this is a new one, and I… I think this song is fucking terrific!' (qualquer coisa do género). "I don’t want to fall in love" foi absolutamente contagiante. Embora amplamente criticados pela falta de originalidade, She Wants Revenge pareceram ter conquistado imensos fãs portugueses com o espectáculo visual, a voz poderosa do vocalista e a atmosfera soturna do concerto. No que toca à banda que se seguiu, transcrevo parte de um artigo que estive a ler…: "Os Dirty Pretty Things estiveram do outro lado da Arca de Noé do rock. Não foram densos. Foram pragmáticos. Não contemplaram. Reagiram. Foram directos ao assunto. Rock desbragado sem tempo para certificar níveis de qualidade. A verve pop saiu torta, mas com direito a refrões cantados por alguns dos presentes." Os 'filhos' dos Libertines reafirmaram o potencial que lhes pertence, a um ritmo alucinante.



A contagem decrescente à cabeça de cartaz renovou as baterias à plateia imparável. Já era esperado o pontapé de saída escaldante da "Juicebox"; aos primeiros acordes do refrão o público explodiu em saltos e a intensidade com que se fez sentir a presença dos Strokes (foto) não diminuiu até uma "Ask Me Anything" solitária, ecoada aos 4 cantos do Terrapleno; Julian Casablancas engana-se na letra mas o público segue e o concerto dura até perto das duas da manhã ao som de três álbuns já há muito queridos pelos seguidores do Indie Rock em Portugal. Alguns encontrões depois das primeiras músicas, consegui lugar na primeira fila. Percebi o porquê da luta árdua por um lugar nas grades encostadas ao fosso que dá para o palco: brisas em remoinho, o encosto de metal frio, o calor nunca aperta; não há pó, o mosh não é tão agressivo e, para rematar, a visão ampla da bateria, da dinâmica dos guitarristas, até aos microfones da frente deixam a música entrar nos privilegiados da frente a uma potência máxima.
A despedida chegou cedo e explosiva com "Take it or Leave it" e Julian desceu à plateia para se juntar ao coro de milhares de pessoas verdadeiramente rendidas. Lisboa Soundz "juntou sete mil à beira-rio"; não sei se por falta de publicidade, se por falta de público, não foram atingidos os números de pessoas esperadas, mesmo estando o recinto aparentemente lotado. Por detrás das redes de segurança, não se conseguia sequer ver o rio Tejo (situado a 20 metros do recinto), de tantos fãs que se juntaram fora do recinto para assistir ao concerto sem pagar bilhete.



Apagadas as chamas da "festa em formato rock", o regresso a casa foi sonolento, duplamente nostálgico. Uma noite a relembrar.


Thursday, November 09, 2006

"Closer"... Intemporal.



Mais perto de olhares que se cruzam e se encontram para não mais se separar. Mais perto dos primeiros frutos de um encontro casual, de onde nasce um amor desmedido entre dois estranhos. Closer distingue-se, contudo, por não se ficar por um começo feliz... E é sem eufemismos que filma discussões mordazes, mentiras servidas a prato frio, uma série de choques e faíscas de um romance que, pouco a pouco, se desfigura e se estraga. Passa a frente todas as cenas desnecessárias, para reter em foco o impacto nos corações de uma traição violenta, destruidora do amor.
Closer desvenda um amor inaudito, sem pudor, sem floreados e sem censura. Entre silêncios prolongados e palavras agridoces, observa, em pormenor, a verdade que ninguém gosta de ouvir.
( E nunca menciona amores perfeitos, porque sabe que não os há... )

Amor puro e cru.